Censo do IBGE: Maceió tem 49 bairros com habitantes e um esvaziado
14/11/2024
Mutange foi um dos cinco bairros afetados pela mineração realizada pela Braskem. Censo mostrou que não há habitantes no bairro. 1.057 imóveis já foram demolidos, segundo a Defesa Civil. ANTES x DEPOIS: primeira imagem mostra bairro do Mutange antes do afundamento, enquanto a segunda é após a demolição dos imóveis
Initial plugin text
Novos dados do Censo 2022 divulgados nesta quinta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que Maceió tem 49 bairros com habitantes e um bairro sem habitantes. O Mutange tinha 2.632 moradores, em 2010, mas não tem mais nenhum habitante, porque foi totalmente esvaziado por causa do afundamento do solo causado pela mineração realizada pela Braskem.
Compartilhe no WhatsApp
Compartilhe no Telegram
Por meio de nota, a Superintendência do IBGE em Alagoas afirmou que o Mutange foi devidamente recenseado pelo Censo Demográfico 2022, mas não havia população residente na localidade à época do levantamento, embora o bairro se encontre normalmente delimitado na malha de setores censitários do próprio IBGE (leia nota na íntegra ao final do texto).
Apesar do bairro não ter mais morador, imóveis e comércio, o Mutange continua sendo um bairro, conforme Lei Municipal nº4687 de 1998.
O Censo mostrou ainda que houve uma redução de 30.131 habitantes quando somados os bairros do Pinheiro, Bebedouro e Bom Parto, além do Mutange. Isso é mais que a população de uma cidade inteira do interior do estado, como São José da Laje (20.813), por exemplo.
Segundo o levantamento, o bairro de Bebedouro passa a ser o menos populoso da capital. A população total de Maceió é de 957.916 pessoas.
População dos bairros afetados pela mineração em Maceió
Bairros foram evacuados por causa da exploração de sal-gema
Segundo a Defesa Civil, 9.173 imóveis foram demolidos em Maceió nas regiões afetadas pelo afundamento do solo. Desse total, 1.412 no Bebedouro, 1.992 no Bom Parto, 440 no Farol, 1.057 no Mutange e 4.272 no Pinheiro. Cerca de 60 mil pessoas tiveram que evacuar suas casas. As primeiras rachaduras apareceram em 2018. Após uma longa investigação, o Serviço Geológico confirmou relação das ações da Braskem com as rachaduras nos bairros afetados.
Leia também:
Veja a a cronologia das rachaduras em ruas e imóveis ao colapso das minas
Um Programa de Compensação Financeira foi criado ainda no final de 2019 pela Braskem para indenizar os proprietários dos imóveis que tiveram que ser desocupados. Os moradores da região que discordavam dos valores oferecidos movem ação na Justiça contra a mineradora.
Ao longo do ano de 2023, moradores do Bom Parto que ainda vivem na borda da área de risco realizaram diversos protestos cobrando inclusão no Programa de Compensação Financeira da Braskem, mas a Defesa Civil Municipal afirmava que não havia risco para essas moradias.
Contudo, após 5 tremores de terra somente no mês de novembro, a Defesa Civil de Maceió alertou para o "risco de colapso em uma das minas" no Mutange e moradores de 23 imóveis do Bebedouro e do Pinheiro foram obrigados a sair de casa às pressas sob ordem da Justiça Federal, que autorizou até uso da força policial caso as pessoas resistam a deixar o local.
O rompimento de parte da mina 18 da Braskem aconteceu no dia 10 de dezembro. Segundo a Defesa Civil, a cavidade foi preenchida com rocha e água da lagoa, levando à estabilização da área.
Nota do IBGE sobre os dados do Censo 2022 para o bairro Mutange
A Superintendência do IBGE em Alagoas esclarece que o Bairro do Mutange na capital Maceió foi devidamente recenseado pelo Censo Demográfico 2022, utilizando-se exatamente a mesma metodologia aplicada em todo o estado e em todo o país.
Durante a operação censitária os recenseadores, supervisores e coordenadores do IBGE trabalharam em todo o bairro executando o percurso completo de suas quadras, conforme prevê o manual do recenseador do Censo Demográfico 2022.
Na oportunidade, o IBGE verificou que não existiam mais domicílios particulares ocupados naquele bairro. Ou seja, não havia população residente na localidade à época do levantamento, embora o bairro se encontre normalmente delimitado na malha de setores censitários do próprio IBGE.
Apesar dos resultados do Mutange não apresentarem população, este continua sendo classificado como um bairro, conforme a Lei Municipal nº 4.687 de 1998.
Ocorre que o Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) oculta os resultados dos bairros com população igual a zero, motivo pelo qual o Mutange está ausente da listagem. O mesmo ocorreu com outros 101 bairros de todo Brasil, que constam na malha territorial e também foram devidamente recenseados, mas não registraram moradores por ocasião do Censo Demográfico 2022.
Outros bairros de Maceió atingidos, em alguma medida, pelos mesmos eventos que resultaram na evacuação do bairro do Mutange contavam com população residente à época e, por isso, constam nos resultados extraídos no sistema. Isso ocorre, dentre outros motivos, porque a malha de setores censitários (áreas de trabalho dos recenseadores) utilizada pelo IBGE não coincide, necessariamente, com a área de risco e evacuação definida pelos órgãos competentes. Portanto, à época do levantamento poderiam existir em alguns bairros envolvidos, alguns setores integralmente ou parcialmente habitados e não evacuados.
Com a desocupação de bairros de Maceió afetados pelo afundamento do solo e rachaduras, moradores levaram portas, janelas e até telhados de suas residências
Jonathan Lins/G1
VÍDEO: imóveis desocupados no Mutange são demolidos
Duas mil casas desocupadas no Mutange começam a ser demolidas
Assista aos vídeos mais recentes do g1 AL
Veja mais notícias da região no g1 AL